quinta-feira, 9 de junho de 2016

Planificação do ensino/aprendizagem

Sobre a planificação do ensino/aprendizagem, Proença (1989) apresenta-nos duas perspetivas: a perspetiva da planificação segundo a “lição” e a perspetiva da planificação por unidades didáticas, que diferem em vários aspetos, desde logo no enfoque que é dado aos objetivos específicos delineados para a aula, ou aos objetivos gerais de aprendizagem, respetivamente.

Na primeira modalidade, o ensino é centrado no professor, é este que define os temas a serem trabalhos em cada aula, bem como o plano a seguir nessa mesma aula, incluído as atividades a realizar. Os objetivos são definidos para todos os alunos de forma igual, independentemente das suas idiossincrasias e ritmos de aprendizagem, e o papel deste é passivo, no sentido em que deve escutar e absorver os conhecimentos que lhe são transmitidos e responder às perguntas que lhe são colocadas (Domingos, cit. in Proença, 1989).

Já a perspetiva da planificação por unidades atribui um papel muito mais ativo ao aluno, na medida em que este passa a ser central no processo de aprendizagem, sendo-lhe exigida mais autonomia na procura do conhecimento, por exemplo através da consulta de livros. Não são impostos objetivos a atingir em cada aula mas sim objetivos gerais a atingir ao longo da lecionação dos conteúdos das unidades, permitindo uma maior flexibilidade na aprendizagem, de acordo com os ritmos e estilos próprios de cada aluno. Este também pode participar da definição dos problemas e tem liberdade de colocar novas questões sobre os temas a trabalhar. O professor abdica de uma postura de transmissor do conhecimento para passar a ser um parceiro no atingir de objetivos, um orientador ou guia do processo que os alunos percorrem para atingir as aprendizagens previamente definidas (Domingos, cit. in Proença, 1989).

Assim, se quisermos fazer um paralelo entre estes dois tipos de planificação e os métodos de ensino/aprendizagem, poderíamos dizer que o primeiro se integra mais facilmente numa metodologia de ensino expositivo, enquanto a segunda perspetiva se coaduna mais com uma abordagem da aprendizagem baseada em problemas (Arends, 2008).

Em linha com estes pensamentos, recomendo a visualização deste vídeo de um professor que nos fala da importância dos alunos se sentirem inspirados pela nossa prática de ensino, o que não é facilmente atingível numa abordagem expositiva, em que o papel central é o do professor.

Este professor relata a sua experiência com um método mais “inspirador” e que tem como pilares a investigação científica e a manutenção de uma relação produtiva com os seus alunos. Esta abordagem baseia-se nos princípios da escolha, colaboração, comunicação, pensamento crítico e criatividade, e permite aos alunos estarem envolvidos no processo de ensino/aprendizagem, aprender ao mesmo tempo que disfrutam do processo e se sentem inspirados. É uma abordagem mais trabalhosa, que obriga a uma grande versatilidade por parte do professor, mas que permite aos alunos um ensino individualizado, em que cada um realiza as atividades mais aliciantes consoante o seu estilo de aprendizagem e ao seu ritmo, estando todos orientados para atingir os objetivos de aprendizagem a longo prazo, tomando cada um o seu próprio caminho para lá chegar. Também aqui, o professor é muito mais um guia do que a fonte inquestionável do conhecimento.

https://www.youtube.com/watch?v=UCFg9bcW7Bk

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